A superfície basta?

A superfície é segura. Conforta. Não dá medo. Ela conheço bem e nela sei como devo me comportar.

Então começo a mergulhar um pouco em busca de mais informações do passado para poder me entender. Histórias da minha infância. Dos meus pais. Dos meus avós. E assim por diante. Emaranhados das gerações. Só que o que vou descobrindo às vezes dói. É difícil encarar. Tantas verdades que fazem sentido, mas que não sei se estou pronta para olhar. Porque olhando tenho que me modificar. Porque enxergando tenho que reconhecer muitos padrões nocivos e mudá-los.

Quero ficar na superfície. É mais fácil. Mas permanecer na superfície não me faz evoluir. Não me faz transbordar o que sou. Não me faz caminhar em direção ao meu propósito.

A zona de conforto não deixa olhar para bem no fundo de mim mesma. Não me faz encarar o que realmente sou. Não deixa que enxergue o quanto de potencial não aproveitado tenho dentro de mim. Não me faz reconhecer minhas feridas. E sem conhece-las, não posso curá-las. E sem curá-las, vivo sempre nos mesmos padrões de pensamento e de comportamento. E parada não cresço.

E se não mergulho por vontade própria, vem a vida com as suas milhares de reviravoltas e me faz mergulhar. E o oceano é enorme. Profundo. Nele se encontram tantas oportunidades. É só aprender a nadar e escolher para onde ir.

“Mas a superfície é segura”, grita o pensamento, que não está acostumado a ouvir o coração e insiste em permanecer no conhecido, por temer o desconhecido.

E então o coração fala mais alto e deixa claro que no conhecido não tenho a chance de caminhar na busca de mim mesma! Vou lá e mergulho! E como o oceano é lindo e cheio de possibilidades…

Giovanna Gazola